2004 – Tilo – Whiplash

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      O duo Lacrimosa tornou-se rapidamente uma febre na Europa e em vários cantos do mundo. Fazendo um som que transita entre vários estilos, com extrema personalidade, Tilo Wolff e Anne Nurmmi criaram rapidamente uma legião de fãs, que admiram a complexidade do som da banda e principalmente o contexto lírico dos cd’s. Recentemente a banda laçou “Echos”, um cd que flerta com o erudito, gótico e pop em alguns momentos, resultando numa sonoridade muito particular. Prestes a desembarcar no Brasil para apenas um show (dia 28 de Julho no Olympia em São Paulo), mas com três shows agendados no México (e com lotação esgotada!), batemos um papo com Tilo, que se mostrou simpático e atencioso. Agradeço a todos os fãs que enviaram perguntas, a maioria utilizada na entrevista, mas uma pane no computador me fez perder os créditos das perguntas. Por isso peço a todos que enviaram perguntas que se expressem no fórum ou via email, para que eu possa inserir seus nomes em cada pergunta. No mais, confiram o papo interessantíssimo que tivemos com Mr. Wolff.

      Whiplash! – Olá Tilo. Vamos começar falando do início dos anos 90, quando você começou o Lacrimosa. Conte um pouco da história da banda. O palhaço (marca registrada) teria alguma conexão com as obras de Mozart?
      Tilo Wolff / Olá. Na verdade Lacrimosa começou como um projeto sem compromissos. Juntei alguns conhecidos e gravamos uma demo, incialmente apenas para espalharmos entre nós mesmos. Mas a mesma acabou tendo uma recepção bem maior do que eu esperava, o que foi bom. Sobre a conexão com Mozart, concordo com a afirmação. Não só Mozart como vários compositores clássicos me inspiraram, e o palhaço surgiu nessas inspirações. O nome Lacrimosa veio para expressar a música e os sentimentos em forma de nome, e o palhaço acabou sendo a melhor expressão disso tudo.

      Whiplash! – Você optou por começar o seu próprio selo (o Hall of Sermon), ao invés de tentar contrato com uma gravadora. O que o motivou a partir para a independência total?
      Tilo Wolff / Recebi alguns contatos de gravadoras, que não chegaram a implicar com a música. Mas eu mesmo queria ter liberdade. Não queria um chefe, ou alguém me dizendo o que fazer, com prazos, crongramas e coisas do tipo. Não vejo a música como objeto comercial, e com meu próprio selo tive a liberdade e o espaço que desejava para me expressar livremente.

      Whiplash! – Você demonstra uma forte inclinação para obras conceituais. Já pensou em escrever um livro ou até mesmo musicar um filme, ou fazer um filme completo.
      Tilo Wolff / Já pensei em tudo isso e mais um pouco (risos). Só que me falta tempo. O Lacrimosa é minha prioridade, e estou 100% concentrado nele. Tenho um livro de poemas escrito, e realmente gostaria de me envolver com filmes. O que me falta é o tempo, mas devo confessar que sobram idéias e planos. Quem sabe no futuro.

      Whiplash! – Qual seriam suas principais fontes de inspiração como compositor e letrista?
      Tilo Wolff / Atualmente procuro me inspirar em mim mesmo, no que vivo. O Lacrimosa expressa muito de mim, é como se fosse minha biografia em forma de música. Mas sou um observador, e não descarto escrever algo de experiências que observo no decorrer da história. Procuro manter a mente aberta, é o que faço.

      Whiplash! – Muitos fãs e boa parte da imprensa rotulam o Lacrimosa como uma banda gótica, embora a sonoridade seja bem mais complexa. O que você poderia dizer sobre isso?
      Tilo Wolff / É engraçado (risos). De fato parece gótico, mas os rótulos não me interessam. O Lacrimosa é a inspiração de sentimentos, sem ter vínculo com estilos musicais. De fato a imagem e fotos podem sugerir que somos góticos, mas nem sempre exploramos esse estilo a fundo. É algo mais profundo. Mas não me importo com isso.

      Whiplash! – Você inicialmente começou como vocalista único, mas acabou chamando Anne para auxiliá-lo. Como se deu essa entrada de uma pessoa nova no seu projeto, e como você lidou com o fato de ter outra pessoa trabalhando com você, vindo com novas idéias?
      Tilo Wolff / Comecei sózinho, mas sempre quis ter uma vocalista para dividir as vozes comigo. Não me sentia bem cantando sózinho. Eu vi Anne cantando ao vivo e senti que seu jeito de se expressar no palco combinava muito com o meu. Claro que tê-la na banda como parte criativa foi um choque para mim, mas a medida que via que a banda estava completa e que o que eu imaginei para o Lacrimosa estava se concretizando, foi fácil aceitar Anne. Não ligamos para o fato de muitos citarem o começo da banda, quando eu cantava sózinho, porque Anne se sente confortável com a banda. É um caso semelhante ao do Pink Floyd (conversávamos sobre isso há alguns dias). Hoje o pessoal curte a banda com Gimour no vocal, mas esquecem que o cérebro daquilo tudo foi Syd Barret. Não quero que o pessoal esqueça de que comecei a banda, mas Anne é agora parte fundamental do Lacrimosa.

      Whiplash! – Alguns fãs comparam o seu trabalho com o trabalho do Cirque Du Solei. O que você acha disso?
      Tilo Wolff / Não vejo muitas semelhanças. Pode haver uma conexão, mas não acho que seja algo relevante.

      Whiplash! – Você usa orquestras em seus cd’s, como em “Elodia” e “Echos”. Já pensou em fazer um show com uma orquestra completa?
      Tilo Wolff / Já pensei, e fizemos em ocasiões particulares. Mas para fazer um show completo com tudo o que é necessário para a reprodução da sonoridade dos cd’s precisaríamos de uma orquestra completa, o que resultaria num custo altíssimo. Mas pensamos sim em fazer uma turnê com esse esquema.

      Whiplash! – Com “Inferno” e “Stille” você flertou com a agressividade do heavy metal. Como foi a reação dos fãs, principalmente os mais antigos.
      Tilo Wolff / Legal falar sobre isso, porque nunca pensei em usar heavy metal. Sempre gostei de heavy metal, como Black Sabbath, e sempre me influenciei pelo lado “Dark” e clássico do heavy. As opiniões foram diversas, mas eu entendo perfeitamente, pois a fusão da força do heavy com a harmonia do clássico é muito difícil. Não acho que seja anormal que ocorra, mas exige muito trabalho.

      Whiplash! – Rapidamente, como você definiria o estilo do Lacrimosa?
      Tilo Wolff / Uma combinação de metal, clássico e gótico, mas aberto a vários estilos.

      Whiplash! – Todas as capas do Lacrimosa adotam o preto e branco e suas tonalidades. E indo mais a fundo, podemos afirmar que cada uma conta parte de uma história. Você concorda com isso?
      Tilo Wolff / Definitivamente. As capas são expressões das emoções de cada álbum, e o Lacrimosa é uma banda que expressa emoções e sentimentos musicados. As pinturas surgem durante o processo de mixagem, principalemente quando já tenho a temática dos álbuns em mente. Não ligo muito para as cores, mas sim para a química entre a capa e as letras. Uso o preto e o branco mais para um contraste da luz com a escuridão, mas isso não é regra, embora tenha ocorrido em todos os cd’s (risos).

      Whiplash! – “Copycat”, um de seus maiores “hits”, é dita como uma música gótica. Como você reage a isso?
      Tilo Wolff / Como já disse antes, não me importo. O mais legal é que a música foi ouvida para que surgissem essas comparações, isso que é importante para mim.

      Whiplash! – Em “Elodia” você voltou a usar orquestrações, e as composições seguiam uma linha bem melancólica. A orquestra foi usada para realçar essa melancolia?
      Tilo Wolff / Sim. As letras nesse caso refletiam muitas situações complicadas que quis explorar. A temática pedia o uso de orquestras, e eu tinha muito material escrito com essa necessidade. O erudito é perfeito para expressão momentos mais “dark”.
      (Nessa hora somos avisados que faltavam apenas 3 minutos, o que forçou a remoção de várias perguntas. Optamos por ir direto para a turnê sul-americana)

      Whiplash! – A turnê sul-americana surgiu num momento quase que improvável, porque vocês já tinham fechado a divulgação do “Echos”. O que os motivou a marcar estes shows?
      Tilo Wolff / Os fãs. Principalmente os mexicanos. Recebemos muitos pedidos pela internet. Os fãs brasileiros entupiram minha caixa postal, e em conversas com amigos de outras bandas, ficamos muito tentados. Além da turnê faremos um show na Europa e nada mais. Mas voltaremos para a próxima turnê, assim que lançarmos o sucessor de “Echos”.

      Whiplash! – O que os fãs brasileiros podem esperar do Lacrimosa? Há algo que você queira comentar sobre os shows?
      Tilo Wolff / Não sei nem o que esperar (risos). Sei que queremos fazer um show especial, com material do “Echos” mas também fazendo uma retrospectiva de nossa carreira, com músicas que não tocamos usualmente. Será um grande show. Estou muito feliz de tocar na América do Sul, e no Brasil. Sei que os fãs nos pedem isso há anos e anos, e não quero, não posso e não vou decepcioná-los.

      Whiplash! – Tilo, muito obrigado pela entrevista. Este espaço é seu para deixar uma mensagem para os fãs que acessam o site WHIPLASH!, e que aguardam ansiosamente para ver o Lacrimosa ao vivo.
      Tilo Wolff / Muito obrigado pela paciência, lealdade e carinho. Estamos muito, mas muito felizes com essa chance. E acreditem: este é apenas o primeiro show do Lacrimosa, aguardem que outros virão. Eu prometo.

      Fonte: Lacrimosa – Entrevista (02/06/2004) exclusiva com Tilo Wolff whiplash.net/materias/entrevistas/001508-lacrimosa.html#ixzz3LOPbyZLv

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